quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tornou-se meu anjo



Às vezes, pego-me pensando em você
Nas coisas que juntos nós fazíamos;
Em tantos sonhos que planejamos;
Nos momentos bons que nós vivíamos

Em todas as alegrias que partilhamos.

Às vezes, pego-me pensando em você
E, em instantes, começo chorar
É uma saudade imensa me apertar
Que sem desejar, sou forçado aceitar

De que se foi para não mais voltar.

Às vezes, pego-me pensando em você
Vejo-me envolvido em perguntas a fazer;
Tenho ciência que nenhuma irá responder
Aos meus vários “sis” e “porquês”
Mas, mesmo assim, insisto querer entender.

Às vezes, pego-me pensando em você
Por vezes, sinto-me grande paz
Ainda que distante, você me traz
Uma quietação, que outrora senti jamais
Tornou-se meu anjo e um bem me faz.
Ataíde Lemos

domingo, 21 de agosto de 2011

Mãe dos pais que perderam filhos.



Mãe dos pais que perderam filhos.

Quando dói a saudade em meu coração...

Quando me pego sem aceitar e entender...

Quando meu peito põe-se em aflição...

Quando tua lembrança me faz sofrer...


Quando fico com mil perguntas a fazer...

Quando minha fé tende querer desmoronar...

Quando fico humanamente a me responder...

E respostas concretas não consigo encontrar...


Quando a tristeza vem me abater

Volto-me a aquela mulher especial; Maria

Que aceitou o projeto de Deus sem nada entender

Sem questionar, doou-se a sua vida com alegria.


Maria, aquela que carregou no ventre a Luz

E nem por isto sua vida foi só de esplendor

Mesmo sendo a mãe do nosso salvador; Jesus

Teve ao colo morto seu filho; Nosso Senhor.

Ataíde Lemos

sábado, 20 de agosto de 2011

Acreditar, confiar e agir

Acreditar, confiar e agir

Às vezes confundimos o sentido da palavra “acreditar” com a palavra “confiar”. Eu acredito que tal cadeira sustente meu peso, mas quando me pedem para sentar tenho medo que ela não resista, este é um exemplo entre acreditar e confiar. Da mesma maneira, poderíamos usar um exemplo relacionado a Deus, ou seja, eu acredito que Deus caminha comigo na escuridão, mas tenho medo de atravessar uma estrada sem luz.

Acreditar é crer na existência de..., confiar é entregar-se a ... O demônio acredita na existência de Deus, no entanto, ele não gosta e faz tudo para que afastamos Dele, portanto, não basta que dizer que acreditamos em Deus, mas não se confiamos o suficiente para entregarmos a Ele o leme de nossa vida.

Algo importante a se dizer também é que Deus, pode fazer tudo por si só para nós, no entanto, Ele quer nossa participação. É preciso que ao mesmo tempo em que entregamos a Ele nossa vida, nossas angustias, nossos problemas, etc. façamos também nossa parte. Não basta pedir, mas deixar de agir para que aconteça o que desejamos. Enfim, temos que acreditar, confiar e agir.

É comum quando estamos sofrendo, a nossa humanidade falar alto e aí, entramos num processo de interiorização nos fechando ao sofrimento, sem vontade de sair dele. Ou seja, permitimos que o sofrimento vá tomando posse de nós por inteiro, agindo desta forma, fechamos as portas para a Ação de Deus e assim, Ele não tem como agir e nos curar.

Conheço na carne a dor da humanidade, ao perder um filho. Sentimos uma dor intensa que nos tira o horizonte. Tira-nos a esperança e acabamos brigando com Deus, por não aceitar a perda. Mas, com o passar dos dias, este mesmo Deus maravilhoso, vai nos confortando, acalentando e restabelecendo-nos a ponto de olharmos para a dor, sentir-se um consolo aceitando os mistérios de Deus e voltarmos a confiar Nele. Pois, Ele abre a ferida, mas nos dá o remédio necessário capaz de curar-nos.

Nesta vida estamos sujeitos as alegrias e provações e, são nas provações que exercemos a fé que declaramos, como também somos provados a confiar em Deus, pois há situações que estão além de nossas forças e capacidades humanas. Estão além de nossos limites e certamente, é nossa fé e confiança de Deus que nos ajuda a atravessar os reveses da vida.

Em suma, nas mais diversas provações a que somos submetidos, seja a perda de um ente querido, seja uma doença ou mesmo uma situação que pode desestruturar toda a família, como no cada de uma dependência química, alcoolismo, etc. é necessário confiar em Deus, se entregar a Ele, mas fazer a nossa parte, ou seja, buscar os meios necessários para superar. Não basta dizer que acredita em Deus, mas não ser capaz de confiar que Ele está no comando e cruzarmos os braços fechando-se para a Sua Ação.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Revisão de conceitos de vida


Revisão de conceitos de vida

No caminhar da vida, sempre estamos passando por momentos que costumamos dizer que servem como experiências, mas, no entanto, basta passar alguns dias ou meses que voltamos ser a mesma pessoa de antes, ou seja, não serviu de experiência coisa alguma.

É preciso ressaltar que esta frase “serviu de experiência” que falamos, na grande maioria das vezes ocorrem em situações difíceis pela qual passamos, pois, na alegria nem damos conta de que estes momentos também poderiam nos ensinar muito.

Há vários escritos sobre situações que devem nos levar a uma nova interpretação da vida, ou seja, como a vivemos. Algumas dessas situações que nos fazem repensarmos estão em relações às doenças. É comum quando gozamos de plena saúde, nem nos preocuparmos com ela, então abusamos nos alimentos, no trabalho, nos vícios, etc. Porém, ao adoecermos tomamos um susto, porque percebemos nossa fragilidade, isto nos faz sofrermos muito, pois somos obrigados a repensar nosso estilo de vida, deixar de alguns maus hábitos alimentares e de comportamentos nocivos à saúde. Estas mudanças certamente, levam um tempo de adaptação e causam em nós descontentamentos emocionais com disfunções psicológicos

Outro fator que leva-nos a repensar a forma como vivemos está relacionada também a doença, no entanto, não em nós, mas sim em entes que amamos, principalmente, quando se trata de filhos. Uma destas doenças é a dependência química, por exemplo. Ah! como a dependência química muda totalmente às pessoas, às vezes, até parece que Deus a permite, pois ela é fator de mudança radical tanto no dependente quanto em seus familiares sobre a maneira de como vê um dependente e/ou julga as pessoas, familiares, sociedade, etc.

Muitas vezes nos achamos acima do bem e do mal e saímos por ai falando besteiras, julgando jovens, adultos alcoólatras, famílias por possuírem entes dependentes, no entanto, quando somos acometidos pelo mesmo problema passamos a ter uma nova visão das drogas, dos usuários e dos dependentes tornando pessoas melhores, unindo-se mais as pessoas que possuem condições culturais, sociais e financeiramente inferiores e, às vezes, sentimos até inveja de famílias humildes em todos os sentidos que possuem um lar harmônico e sem estes problemas relacionado às drogas.

Realmente dependência química é algo que promove repensarmos a vida e olhar com mais humildade para pessoas que estão as nossas voltas como também, leva-nos sairmos de nosso comodismo e atuar mais junto a sociedade, pois é impossível o homem curar doenças emocionais no isolamento, ou seja, o homem tem necessidade de compartilhar suas dores para vence-las.

Outro fator que as doenças contribuem; é para o desenvolvimento espiritual, pois ainda que sejamos extremamente egoístas ao estarmos encurralados buscamos uma força transcendental capaz de nos confortar proporcionando segurança e equilíbrio para enfrentarmos as dores.

Mas, um outro fator que nos leva rever o modelo de vida e de como relacionamos conosco e com o próximo é a morte de um ente amado, e aqui destaco a perda de um filho. Não há dor para descrever esta dor. Perder um filho é como se perder também. É como perder o horizonte e não conseguir vislumbrar o amanhã. É como perder o teto, o chão novamente, ou seja, é cair a ficha de que somos finitos humanamente e descobrir a importância da vida bem vivida. É descobrir o verdadeiro valor do que os filhos significam para os pais, que no corre, corre da vida alguns não se dão conta.

A perda de um ente amado é algo que nos abala profundamente em relação à existência e nos provoca uma mudança de atitude, de comportamento e de como devemos viver cada dia, ou seja, não deixando para o amanhã, nada do que podemos fazer hoje. Não deixando para nós e nem aqueles que amamos serem felizes amanhã. Descobrimos que, de todos os bens que possuímos o mais importante é o amor que devemos dar a nós e todos os que nos rodeiam. Deixando de viver uma doença de acumular riquezas (bem materiais), para conquistar outras formas de riquezas (amizade) e passar valorizar mais o tempo presente do que o tempo passado ou ao que há de vir. Por fim, somos muitos frágeis, na verdade, somos cristais que se quebram com facilidade.

Portanto, seria importante que de fato os acontecimentos dolorosos pelos quais somos obrigados a viver, sirvam-nos de experiências, mas que, estas experiências não sejam apenas por um momento e nem que sejam apenas no pensamento, mas que se concretizam em nossa nova maneira de ser.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Faça, o que te faça bem


Faça, o que te faça bem

Se chorar, faz-te bem; chore
Se o silêncio conforta-te; silencie
Se falar alivia-te; fale
Se a multidão, acalma-te; procure-as
Se ficar só, sente-te melhor; fique.
Se rezar, serena-te; reze
Ou seja, o que importa
Não é fazer o que te pedem
Mas, o que te sintas bem
Porém, não permitas
Que a dor, seja maior que você
Que o amor transforma-se
Numa doença
Roubando-te a paz
E o prazer em viver.
Ataíde Lemos

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eterno presente


Eterno presente


O tempo passa,
Mas, você não
A saudade aumenta
E aperta o coração.
Já faz um mês,
Parece que foi ontem
Tua ida me fez
Parar no tempo,
E faz crescer
A intensidade
Da saudade
Que aperta o peito.
Às vezes me esqueço,
Para não pensar em você
Mas, não tem jeito
Pois moras em mim
E sempre me pego
Pensando em ti.
Em sua maneira
Singular de ser,
Em nossas risadas,
Discussões
Confidências
Nas brincadeiras
Até no gosto das canções.
Em seu jeito sério
Ou dissimulado.
Ah! meu querido,
Meu amigo,
Meu filho
Está sempre presente
Nas lembranças
Que faz do meu passado
Um eterno presente.
Se já era poeta
Agora mais ainda serei
Pois será minha inspiração
Toda vez que a saudade apertar
Em versos te escreverei
O que abriga no coração.

Ataíde Lemos

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Pais que perderam filhos



A perda de um filho é algo que desmonta a estrutura emocional dos pais. É difícil descrever a dor que se instaura neles, pois cada um tem uma reação diferente, no entanto, o que se torna comum em todos é a profunda amargura que se aloja em seus sentimentos. Parece que viver perde o sentido, a imagem que permanece constantemente na memória dos pais é a do filho desde a hora que levanta até o momento de dormir.

Cada pessoa tem reações diversas, como também possuem algumas peculiaridades em lembrar do filho que partiu, levando-os a terem reações psicossomáticas que acabam desencadeando doenças emocionais e biológicas.

Seus comportamentos diferem; uns preferem mais o silêncio, enquanto outros conversarem sobre o filho (a) que se foi atenua a dor. Mas, o que podemos perceber é que as reações emocionais vão se diferindo conforme o tempo, ou seja, o que é bom num determinado momento em outros já não fazem tão bem mais. Para uns o tempo contribui para amenizar a dor, enquanto que para outros o passar do tempo intensifica ainda.

Outro fato importante se destacar é que, para aqueles pais que possuem uma espiritualidade que é vivenciada, sente-se certa frustração, por não assimilarem os propósitos de Deus. Muitas vezes de maneira que seus filhos se vão, isto é, uma doença ou por meio de acidentes, crimes, etc. Pois, para os pais é um golpe muito grande que recebem de um Pai que é concebido como Amor. No entanto, mesmo ocorrendo este sentimento de incompreensão com Deus, é a espiritualidade que colabora para um conforto, muito embora, não cure a dor da saudade que permanece nas lembranças que surgem constantemente e também na inconformidade da perda. É fundamental entendermos que o ser humano é inconstante, ou seja, muitas vezes uma palavra amiga acalenta o coração, mas, quando vem a saudade, retorna-se todo o sentimento da perda novamente. Ainda comentando sobre a espiritualidade é preciso ressaltar que algumas crenças ajudam pais lidarem melhor com a morte e especificamente a perda de filhos, por acreditarem que mesmo o filho morrendo permanecem em contatos com eles.

Embora, saibamos que a morte é algo inevitável e que todos, um dia passarão por ela, a reação emocional, o trauma pela perda de um filho é completamente diferente e sem proporção em relação à perda dos pais e irmãos, pois o filho está ligado intrinsecamente aos pais, tornando-se parte deles. O amor dos pais para com os filhos é algo inexplicável e também a morte do filho antes dos pais é um ciclo avesso do natural da vida, ou seja, o que seria normal são filhos enterrarem os pais e não vice-versa.

Acredito ser fundamental que entidades religiosas, profissionais da área de saúde e mesmo a mídia de um modo geral aprofundem se empenhando em abordar este tema “Pais que perderam filhos”. É essencial que o Estado também crie programas de atendimento especifico para estes pais, pois há uma imensa parcela deles que sofrem e que perderam o estímulo de viverem por não saberem como lidar com a perda de seus filhos.


Ataíde Lemos
escritor e poeta