sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A dor da perda de um filho II


Um colega de trabalho me ligou e não sabia que eu havia perdido um filho, ele ficou sabendo através de meu irmão. Então, disse para este colega  que há 3 anos meu filho havia falecido. Na verdade, este colega queria conversar, pois, há 40 dias faleceu seu filho. Ficamos conversando por um longo tempo, embora, eu saiba que de tudo que disse a ele, nada  deve ter confortado.

Logo que perdemos um filho, o mundo desaba sobre nós. Parece que a vida acabou e que não há mais horizonte para se avistar. Ainda que muitos procurem trazer palavras de conforto, consolo, força nada pode afagar o sentimento da perda. No primeiro momento, passamos a ter uma vida vegetativa e o tempo inteiro em nossa mente só há o pensamento no filho que se foi.

É certo, que cada um de nós tem uma reação, porém, no primeiro momento este sentimento de tristeza, de perguntas sem respostas acontece em geral na maioria dos pais e ficamos com muitas perguntas como: será que isto vai passar? Quanto tempo nosso coração ficará em luto? E agora como vai ser? Será que não vou mais ser feliz? Enfim, são inúmeras perguntas sem resposta.

Não posso falar pelos outros e sim, pela minha própria experiência que é singular, é apenas minha.  Quando meu filho se foi me desabei, acreditei que seria impossível viver sem ele e ser feliz novamente, ou tocar a vida pela frente, pois, meu filho era um grande amigo, um filho pela própria idade (16) além de estar sempre perto, tinha todas as preocupações que um pai tem quando seus filhos são adolescentes.

Por muito tempo fiquei com este sentimento de perda, esta dor infinita me corroendo o coração e a vida, mas, sempre procurando encontrar na vida um novo sentido para viver, pois, meu pensamento era: o que eu posso fazer? Ele não vai mais voltar, eu preciso seguir em frente. Enfim, me apeguei na felicidade dele enquanto esteve aqui  que não permiti ficar triste, porque ele era muito feliz. Ou seja, pela vida intensa e pela alegria que havia nele eu não tinha o direito de permanecer como me encontrava.

Outra coisa que me apeguei depois de um tempo foi me agarrar nos braços de Deus, digo por que no principio minha fé ficou abalada, briguei com Deus, não admitia Ele ter levado meu filho, cheguei a duvidar da sua existência. Mas, me agarrei em Deus porque não tinha outra escolha. Ou seja, me apegava em Deus acreditando que ele poderia ajudar-me a passar pela dor da perda, ou eu me destruiria emocionalmente, fisicamente, socialmente e destruiria todos que eu amo e me ama.

O que poderia dizer a você que perdeu um filho e está desabado, sem chão, sem teto, sem esperança alguma é fazer de tudo para não deixar-se destruir. É agarra-se em todas as possibilidades para suportar esta dor sem nome. É não se isolar e deixar de falar sobre seu filho (a) que partiu. Não se preocupem com as lágrimas que irão escorrer, elas é uma forma de lavar seu coração. Fale dele, pense nele, não fuja. É somente o tempo quem vai te curar e vai transformar a perda num sentimento ainda que de saudade, porém, mais fácil de suportar.Com o tempo, se você não se entregar irá aprender novamente a viver.

Procure conversar com pessoas que passaram pela mesma dor, compartilhe sua dor. Não se preocupe com o que as pessoas possam falar. Só você sabe a extensão da sua dor. Ela é tua e particular. Eu por exemplo, procuro falar muito dos meus sentimentos através da literatura, por meio de poesias, pensamentos, mensagens.

Enfim, este é um assunto que não se esgota nestas neste texto, mas é uma pequena mensagem que deixo e que continuarei em outros textos.

Ataíde Lemos

Escritor & Poeta  

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