domingo, 27 de outubro de 2013

Expressar sentimentos



Expressar sentimentos 

Através de poesias, frases eu escrevo sobre meu filho que partiu. Não são poemas românticos que produzem sensações de prazer, etc., mas sim textos nostálgicos. Ainda que bonitos ao ler, eles traduzem um sentimento de tristeza por expressarem sensações de dor, etc. Alguns em seus comentários acabam me questionando, inclusive, pedindo para deixar de escrever este tipo de literatura. Outros dizem que além de me fazer mal não deixa que meu filho descanse em paz, segundo suas espiritualidades.

Pois bem, gostaria de dizer que como poeta eu escrevo sentimentos, escrevo o que a inspiração traz a tona e deseja ser expresso. Perder um filho não é perder algo de estimação, não é perder um pai, uma mãe é algo que somente compreende quem também passou por isto ou, se coloca no lugar de quem passou. É um sentimento sem nome e que a partir do acontecimento, torna-se fazer parte do cotidiano da vida dos pais e cada um expressa este sentimento de uma forma distinta, uns nem gostam de tocar no assunto, porque choram, então, agem de maneira indiferente, não por que não sentem esta perda, mas, por sentirem muito preferem não tocarem no assunto. Outros ao contrário têm necessidade de falar de seus filhos que se foram, pois esta é uma maneira de não carregarem calados esta ausência, ou seja, falar deles lhe faz bem.

No meu caso particularmente, me faz bem escrever sobre ele, expressar em sentimento esta saudade, principalmente, naqueles momentos que elas se tornam mais intensas. Além de me fazer bem, recebo muitos comentários e e-mails de pais que também passaram por esta mesma situação e que através de meus poemas sentem-se melhores, ainda que sejam poemas tristes, pois é uma forma de lavarem suas dores  e saudades neles (textos), isto é, meus textos traduzem seus sentimentos. Talvez alguns pela emoção não percebem, mas meus poemas sobre meu filho, embora, tenha um clima de tristeza grande maioria deles terminam com versos de esperança, porque não são poemas desesperados, mas suaves e que na essência expressa uma crença, uma fé. Eu creio na vida eterna e, segundo minha crença (católica), meu filho está vivo e muito feliz. Está junto de Deus, Jesus e Maria, gozando tudo aquilo que desejamos para nós um dia. Portanto, minha saudade não o atinge a tal ponto de lhe tirar a paz, pelo contrário, onde ele se encontra a realidade é tão diferente e distante deste mundo que não temos como imaginar, segundo o entendimento humano, por mais conhecimento e sábio que seja.  

Enfim, sempre escreverei sobre ele, independente as críticas que venha a receber. Já recebi mensagem de pessoas dizendo que eu quero me promover usando meu filho e outros tipos de mensagens deste gênero. Cada um tem o direito de pensar o que deseja, nossos pensamentos são livres e até mesmo nossos julgamentos alheios, porém, este tipo de comentário não me faz parar de continuar a fazer o que me faz bem e sinto que de alguma maneira estou ajudando pessoas que também passaram e passam pela mesma situação. Portanto, aqueles que não concordam, basta apenas não ler. O importante, não é o que as pessoas pensam de nós, mas, o que nossa consciência nos fala através de nosso próprio olhar crítico sobre o que fazemos.  


Ataíde Lemos

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