sábado, 7 de janeiro de 2012

A força da fé e da esperança diante a morte




Santo Agostinho diz uma grande verdade em seu poema “A morte não é nada”. Devemos agir como suas palavras. “A morte não é nada, passei apenas para o outro lado do caminho...[...] vocês continuam vivendo no mundo das criaturas e eu no mundo do criador... [...] que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem nenhum traço de sombra ou de tristeza...[...]”.

Precisamos colocar em nossas mentes de que nossos entes (filhos, irmãos, pais) não morreram, apenas estão no outro lado do caminho e continuarmos a viver como se eles estivessem conosco, sem nenhuma forma de bajulação ou os ignorando. Não devemos ter receios de falarmos deles no cotidiano do dia a dia. Receio de falar dos fatos marcantes, dos acontecimentos que ocorreram, de seus gostos, jeitos, etc. pelo medo de sofrer. Ou seja, devemos de nos comportar como se eles estivessem entre nós, até porque, estão vivos dentro de nós e também “do outro lado do caminho”.

Davi, após saber da morte de seu amado filho, fruto de um pecado, após muito jejum para que Deus o livrasse da morte e mesmo assim, não ter sido atendido, ao saber que seu filho estava morto, disse: “Ele não pode voltar, mas eu um dia posso ir até ele”. E assim, retornou sua vida. Ou seja, mesmo diante da dor de perder um filho, reergueu-se e continuou a vida, na certeza do reencontro.

Seguir em frente, colocando em prática as palavras de Santo Agostinho, ou tendo a atitude de Davi, não significa, que não seremos pegos abatidos, tristes. Não significa que não sentiremos aquela saudade intensa, afinal, somos donos de nossos atos, mas não dos sentimentos e certamente, o sentir saudades, nos deixará tristes, porém, logo seremos reerguidos novamente ao ter a certeza que eles não morreram, apenas estão do outro lado do caminho e assim, cada vez mais, seremos fortalecidos pela alegria da presença deles no meio de nós.

Como poeta, sempre escrevo poemas onde exponho a saudade da perda de meu filho. Pois, escrever sobre esta dor, esta saudade é uma forma de externar o sentimento meu e de muitos pais que vivem a mesma situação. É dizer em versos aquilo que eu e muitos pais desejam desabafar. No entanto, mesmo sendo poemas tristes, em muitos deles procuro passar a esperança de que eles se foram, mas está vivo dentro de nós e também transmitir a esperança de um dia nos reencontrarmos.

Ataíde Lemos
Escritor e poeta

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